segunda-feira, 6 de junho de 2011

E foi assim...

Ela já sabia que ele ia embora, mas, mesmo sabendo que ele voltaria, doeu uma dor danada no peito dela. E foi assim que ela decidiu que não ia dormir à noite. Achou melhor ficar sentindo a presença dele. Abraçou-o e ficou sentindo sua pele, sua respiração e seu amor.

A certa hora Dona Responsabilidade falou assim:
"-Menina, vai dormir que amanhã va ser um dia cheio no trabalho, com sono não vai dar certo."

Ela escutou a voz daquela Dona chata e virou-se para tentar dormir. Virou-se mas não conseguiu. E se ela acordasse e ele tivesse ido embora? isso seria um absurdo! Cochilou um pouco acordou de supetão algumas vezes e preferiu abraçá-lo mais uma vez.
Mas chegou uma hora que Seu Sono juntou-se com a Dona Responsabilidade e ela adormeceu...

Acordou assustadíssima:"Cadê ele?", ela pensou.
Mas ele estava ali, arrumando as malas no maior silêncio e cuidado do mundo para não acordá-la. E ela, então, se levantou, fez o café dos dois, eles comeram juntos e ele foi embora...
Ela ainda tentou surpreendê-lo, mas não havia mais tempo. (Alias se existiam duas coisas que ela queria que não existissem naquele exato momento eram o tempo e a responsabilidade).

Mas foi assim que aconteceu, ele tomou o avião pras bandas de lá e ela pegou um metrô pelas bandas daqui mesmo, e cada um foi para um lado.

E durante um dia era um tal de "Senhorita Lágrima, a senhora poderia se contentar em não sair agora?"... "Seu Coração Mole, desacelera um pouco, jajá ele está de volta"..."Por favor, Senhor Nó na Garganta afrouxa só um pouquinho...é que está me machucando" "Ah, Dona Concentração, trate de se concentrar em outra coisa!"

Mas acontece que esses sentimentos são tão cheios de si, mas tão cheios de si, que uma hora a Concentração dela só se concentrava nele, aí o Nó na Garganta apertou mais ainda, o Coração de tão acelerado quase pulou pra fora do peito, e com toda essa confusão, Dona lágrima não ia ficar de fora, saiu correndo pelos olhos, bochecha, pescoço, e não tinha mão nem lenço de papel que desse jeito.

Até que o telefone tocou (...) era ele:

-Tá trabalhando?
-Não
-Que voz é essa? Tá gripada
-Acho que estou
- Ô, Amor tá chorando? Chore não vá...

E o ouvido dela se abriu bem muito pra deixar a voz dele entrar e acalmar aquela loucura toda que tinha inventado de morar dentro dela.

Volta logo (era só o que ela pensava)